sábado, 23 de outubro de 2010

Com organização, Espanha se consolida como potência


Anápolis (GO) - A Espanha é uma das potências do futsal mundial. A decisão do Grand Prix 2010 envolvendo as duas nações mais vencedoras do salonismo – Brasil e Espanha – é uma prova da condição de ambos os países. Os espanhóis conquistaram este status devido à profunda profissionalização do esporte e ao grande incentivo que ele recebe no país.

Assim como no Brasil, a iniciação ao futsal na Espanha ocorre nas escolas. Todos os colégios possuem quadras poliesportivas cujas principais modalidades são o futsal e o basquete. A diferença com relação ao Brasil é que não é comum as crianças começarem no futsal para posteriormente se transferirem para o campo.

“Normalmente o jogador que inicia no futsal continua nesse esporte. Embora ultimamente os clubes de futebol começaram a trabalhar também com os jogadores de futsal nas categorias de base. Mas os praticantes de futsal ou futebol são especialistas desde muito pequenos”, explica José Venancio López, o atual técnico da seleção espanhola.

O jogador Kike, fixo da equipe que está na final do 6º Grand Prix, é um exemplo típico de quem começou a jogar bola ainda na escola e aos poucos viu que poderia ser um atleta profissional.
“Acho que criança não pensa muito adiante, quer apenas se divertir e estar bem com os amigos. Pouco a pouco aquilo vai se tornando mais sério e quando percebe que tem as condições, já com mais idade, começa a treinar mais vezes por semana para competir”, conta.

O experiente Kike, hoje com 32 anos, defendeu a seleção espanhola pela primeira vez aos 19 anos. Desde então atuou 154 vezes pela ‘Roja’ e marcou 76 gols. Com tanto tempo no futsal, o jogador aponta os principais pontos que fazem da Espanha uma potência no esporte. “Creio que temos todas as condições para isso: apoio institucional, boas estruturas, crianças jogando desde muito pequenas e é um esporte de elite muito bem organizado”, afirma.

Já Venancio López, que está ligado ao futsal há mais de trinta anos, ressalta dois pontos principais para o sucesso espanhol: o trabalho das categorias de base e a formação dos treinadores, que são exportados para vários países. Segundo ele, isso tem feito com que mesmo com um número pequeno de jogadores é possível encontrar qualidade.

“Na Espanha se praticam muitos esportes e a dificuldade maior é que as crianças se dividem entre as várias modalidades esportivas. O número de crianças não é tão grande comparado ao Brasil, pois temos uma população de 37 milhões de habitantes (O Brasil tem mais de 190 milhões). Por isso é difícil captar jogadores para o futsal. Mas com o bom trabalho das categorias inferiores e dos técnicos estamos conseguindo ter bons atletas”, explica Venancio.

O técnico espanhol atribui também à forte liga espanhola a possibilidade de revelar talentos bem jovens como alguns que estamos vendo aqui Anápolis. Um exemplo é Aicardo, de 21 anos, que fez três gols e foi o destaque semifinal contra o Irã em que a Espanha chegou a estar perdendo por 3 a 1 e venceu por 6 a 4.

Como na maioria dos países, o Brasil teve participação no desenvolvimento do futsal na Espanha. A influência brasileira ocorreu principalmente nos anos 80, quando o esporte começou a crescer no país, segundo Venancio. “Fundamentalmente a influencia brasileira foi importante para nos ensinar aspectos técnicos e táticos do jogo. Através dessa aprendizagem provocamos uma evolução que tem sido a chave para que o nosso futsal esteja hoje onde está”, afirma.

A decisão
Brasil e Espanha entram em quadra neste domingo (24/10), às 10 horas, no ginásio Newton de Faria, em Anápolis (GO), para decidir o título da 6ª edição do Grand Prix. As duas equipes colocam em jogo uma campanha com 100% de aproveitamento na competição, com cinco vitórias para cada lado.

São oito títulos mundiais em jogo. Os brasileiros são hexacampeões, enquanto os espanhóis foram campeções em 2000 e 2004. O Brasil também leva vantagem no retrospecto geral entre as duas equipes, que registra 26 jogos, com 14 vitórias brasileiras, cinco empates e sete triunfos espanhóis. Os brasileiros marcaram 100 gols e sofreram 76.

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