quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Entrevista do FERRETI ao CORREIO DO POVO de SC.


Genielli Rodrigues


Decisivo, criativo e estrategista, Fernando Ferretti é a pessoa mais indicada para falar sobre o time da Malwee/Cimed em qualquer circunstância.


Ele está desde o começo no time e sabe como ninguém concentrar a equipe em suas mãos, trocar as peças do xadrez e analisar o desempenho do time como um pai dá conselhos ao filho. Dar entrevistas longas pode ser embaraçoso para a maioria dos profissionais da bola, mas Ferretti mostra uma intimidade única com as palavras, toma cuidado ao colocá-las e, quase como uma aula, explica todas as situações vividas no clube.


O comandante falou abertamente e com exclusividade sobre a situação do time na Liga Futsal, sobretudo, quanto à desvantagem para os adversários, o que, para ele, é “facilmente remontável”. Respondeu sobre a saída do goleiro Tiago, uma peça do tabuleiro que ele admitiu ser impossível de ser substituída com a mesma qualidade. Não poupou críticas à tabela da primeira fase e ao fato da Malwee ceder um grande número de jogadores para a Seleção Brasileira de futsal.


Ferreti admitiu que a saída do goleiro Thiago pode influenciar negativamente o time.


Confira a entrevista!


O Correio do Povo: A Malwee se classificou na terceira posição, mas sempre esteve brigando pela liderança. O que faltou para terminar a primeira fase na primeira colocação?


Fernando Ferreti: Na realidade nós trabalhamos pelo total de pontos ganhos, não tem essa preocupação de acabar em primeiro lugar, claro que é sempre bom, mas o importante é não perder no total de pontos ganhos. Por exemplo, no ano passado a Krona/Joinville terminou essa fase também em primeiro lugar e depois caiu muito na segunda fase e acabou sendo eliminada nas quartas-de-final. O primeiro lugar nessa fase não te dá troféu nenhum. O que tem que estar próximo é do total de pontos ganhos. E eu acho razoável, estamos a três pontos do Corinthians e a sete do Joinville. Como agora vão começar os confrontos de verdade, acho que essa diferença é facilmente remontável.


OCP: A Malwee não venceu nenhum dos adversários da chave nessa segunda fase. Isso é apenas uma coincidência ou um alerta de que o time precisa melhorar para conquistar o campeonato?


FF: O time precisa melhorar sempre. Nós temos que analisar que nesses empates em casa a gente sempre voltava de uma viagem muito longa e sempre de ônibus e a equipe fez três jogos televisionados em casa, contra Foz, Petrópolis e Umuarama, com a gente retornando no domingo pela manhã de viagens muito longas e jogando na segunda-feira. Eu acho que isso em parte explica esses pontos perdidos em casa, que eu lamento. Agora o fato de não ter vencido ninguém que vamos enfrentar do grupo é só uma coincidência. A equipe sabe que tem que passar para os playoffs. Já aprendemos a controlar isso durante as competições. Sabemos a hora de decidir e quando as coisas podem ser levadas no piloto automático. Ninguém aguenta jogar um campeonato longo sempre 100%. É preciso saber exatamente a hora de pisar no acelerador.


OCP: Sobre os times classificados quem é a grande surpresa? E quem ficou de fora e merecia ter entrado?


FF: Num grupo de 21 para classificar 12, ficaram de fora todos os que não mereceram estar dentro. Eu honestamente não faço fé em equipe que começa a fazer força nas últimas cinco rodadas achando que dá para classificar. Na realidade a classificação deve vir muito antes, e se notar todas as principais equipes chegaram com 26 pontos com muita antecedência e nas rodadas finais elas não tiveram problemas. Todos que ficaram fora para mim mereceram ficar fora. Não vejo surpresa porque isso é um campeonato. É um campeonato e não um torneio aonde acontece surpresas, em uma competição que vai de março a novembro você apura os melhores. O título deve ficar entre os melhores que somos nós, Krona, Carlos Barbosa e Corinthians.


OCP: Você sempre diz que a “Liga começa pra valer agora”, o que o torcedor pode esperar da Malwee?


FF: O que sempre esperou e obteve. A equipe jogando o seu melhor momento com muita determinação. Essa ainda é uma fase tranquila, é muito importante a participação do torcedor nos jogos em casa. Nosso torcedor é inteligente, ele sabe quando o adversário é bom e ele está acostumado a lotar a Arena nos jogos que são realmente importantes. Nosso torcedor é o que mais entende de futsal porque já viu todo o tipo de jogos passarem por aqui. Agora precisamos de uma ajuda suplementar. Porque numa fase onde de seis classificam quatro, se a gente ganhar todos os jogos em casa não vai precisar de nenhum ponto fora.


OCP: Você trabalha há bastante tempo com a maioria dos jogadores. Qual o ponto positivo desse entrosamento? E o negativo?


FF: O ponto positivo é o fato que todo mundo se conhece e a comunicação fica facilitada. Um dos pilares do sucesso da nossa equipe está baseado no fato da essência do plantel ter sido pouco mexida. Os principais jogadores nunca chegaram para sair no ano seguinte. Temos quatro ou cinco jogadores que estão desde que a equipe começou, em 2001, e alguns chegaram logo depois e estão aqui até agora. O que a gente fez nos anos subsequentes foi mudar algumas peças. A gente nunca mudou todo o plantel, que é o que a maioria das equipes fazem, e até que elas se entrosem, a Malwee chegou às últimas cinco finais e ganhou três títulos, isso é uma grande vantagem. E não vejo nenhum ponto negativo não.


OCP: O Tiago já anunciou que vai sair do time no fim deste ano. Qual o peso que isso terá? Já se pensa em um substituto da mesma qualidade?


FF: A Malwee está pensando em um substituto à altura. O peso que isso tem? Eu entendo que é um problema incontornável. O Tiago é disparado o melhor goleiro do Brasil. Eu não vou falar em melhor do mundo porque é muita responsabilidade, acho que Fifa que disse isso para ele e está ótimo. Agora, eu vejo entre o Tiago e o segundo melhor goleiro do Brasil uma lacuna muito grande. Em primeiro lugar eu quero dizer que essa é uma ausência que a Malwee não repõe. Ano que vem vamos ter de ir atrás de provavelmente dois goleiros para tentar equilibrar as qualidades do Tiago. Ele é completo: joga com os pés e faz gol; joga com as mãos e faz contra-ataques que acabam resultando em gol; e é um goleiro difícil de ser batido em baixo das traves. Um goleiro com esses requisitos você não tem no futsal brasileiro. Fora o indivíduo que ele é. Vai ser impossível de repor o Tiago, não vejo como. O que a Malwee tem de fazer é ir atrás de dois goleiros que somados tentem se aproximar dessa qualidade.


OCP: Outra especulação que queremos esclarecer é quanto ao Falcão. Ele realmente está sendo sondado por outros times de camisa, como Flamengo e Santos?


FF: Se ele está sendo sondado não é do nosso conhecimento. E vejo também essa situação com profissionalismo. Se no final do contrato for melhor para ele sair, após um acordo com a Malwee, felicidades para ele, isso acontece. Lamento como também lamento a saída do Tiago, mas a vida segue e cada um tem que ir atrás do que é melhor para si.


Escrito por Marco Bruno em seu blog.

Nenhum comentário:

Postar um comentário