quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Técnico do Kuwait, brasileiro tem a missão de desenvolver o futsal no país


Pequeno país localizado no nordeste da Península Arábica, o Kuwait aposta no talento brasileiro para desenvolver-se no cenário esportivo. No futsal, a responsabilidade de dirigir a seleção kuwaitiana está nas mãos do carioca Fabio Cortez, 37 anos. Ex-técnico da base do Vasco, Cortez está no país desde setembro do último ano, quando passou a acumular as funções de técnico da seleção local e treinador do Al-Qadsia, time mais popular do Kuwait.

Com dois amistosos realizados – duas derrotas para a seleção brasileira – o futsal kwaitiano já começa a dar sinais de evolução. Se antes o esporte do país era marcado pelo amadorismo, hoje a realidade já é bem diferente.

- Cheguei aqui em setembro de 2010 e, em outubro, teve a primeira liga oficial de futsal do país, já que, no ano anterior, houve um campeonato amador, o primeiro da história do Kuwait. O objetivo do trabalho aqui é desenvolver o futsal no país. Hoje, já somos a 16ª nação mais bem colocada no ranking da Ásia – comenta Cortez.

O treinador destaca que a escolha do Brasil como adversário do primeiro amistoso da seleção kuwaitiana foi fundamental para o processo de desenvolvimento do esporte no país árabe. Segundo Fabio Cortez, a intenção era, através da partida, mostrar aos jogadores do Kuwait o “verdadeiro futsal.”

- Futsal se aprende na prática e os jogadores do Kuwait tinham que aprender noções que eram difíceis de se passar aqui, como, por exemplo, jogar sem a bola, coisa que o Brasil faz muito bem. Apesar de termos perdido os dois amistosos, as partidas foram muito importantes para o Kuwait – analisa.

Cortez volta agora suas atenções para a Liga Kuwaitiana, onde seu time, o Al-Qadsia, vai em busca do título. A partir de novembro, as atenções voltam-se para a seleção local, que disputa, a partir de dezembro, as eliminatórias para a Copa da Ásia, em 2012.

A intenção do treinador é trazer o time do Kuwait para o Brasil, cerca de 20 dias antes do início das eliminatórias, para realizar um período de amistosos e treinamentos.

- O Brasil é a minha opção. Não há nada certo ainda, mas será muito proveitoso fazermos a nossa preparação no país de melhor futsal do mundo – afirma.

Apesar dos investimentos no esporte, o Kuwait ainda não conta com uma estrutura 100% profissional para o futsal. Na maior liga do país, a maioria dos jogadores ainda dependem de outros empregos para garantirem seus sustentos.

- Nas equipes da Liga Kuwaitiana, só há dois jogadores profissionais por time, além das comissões técnica e médica, que também são contratadas. O restante dos envolvidos, são todos amadores. O intuito é que, com o passar do tempo, esse cenário vá mudando. Tudo depende do bom êxito do nosso futsal – ressalta.

Morando na Cidade do Kuwait há um ano, Fabio se diz adaptado à cultura do país, que tem o árabe como língua oficial e o islamismo como religião predominante. De acordo com o técnico, apesar de terem uma cultura tradicionalista, os kuwaitianos não são tão conservadores quanto outras nações árabes.

- Aqui é um país muçulmano de mente aberta. As mulheres não são obrigadas a andarem de burca e não há tanta rigidez nos costumes. A qualidade de vida também é muito boa. A única coisa que pesa é a saudade da família – diz Fabio, que deixou esposa e filhos no Brasil. – Eles vêm aqui algumas vezes durante o ano. Fora isso, matamos a saudade diariamente pela Internet – completa ele.

Fabio Cortez é apenas um dentre as centenas de brasileiros que aportaram no Kuwait nos últimos anos. Dos 13 times da Liga Kuwaitiana de Futsal, nove tem jogadores brasileiros em seu elenco e cinco são treinados por profissionais naturais do Brasil. A grande colônia faz o povo kuwaitiano aumentar ainda mais sua admiração pelo “país do futebol”.

- Eles nos admiram muito, mesmo porque há semelhanças entre os dois países. O kuwaitiano é alegre por natureza, assim como o brasileiro – cita ele.

De diferente mesmo, só clima extremamente quente e seco, que faz com que as atividades esportivas só possam ser praticadas à noite.

- No auge do calor, em julho, chega a fazer 53º. Nesta semana, que é fim de verão, está fazendo uma média de 42º durante o dia e 39º à noite. O clima, realmente, nos limita muito aqui – afirma Fabio Cortez, que acaba de renovar com a seleção kuwaitiana por mais quatro anos e não está nem um pouco arrependido com a nova vida. – Está valendo a pena e vai valer mais ainda quando colocarmos o Kuwait no merecido patamar – finaliza.

Informações – Flávio Dilascio/Sportv.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário